
Fora dele, concentrações de filas, tanto para comprar ingresso, tanto para entrar de vez no estádio, com vários cambistas no cenário tentando descolar uma grana boa, ouvem-se incessantemente o diálogo, "Vai um ingresso?", que na maioria das vezes e respondida com um imediato, "Não já tenho o meu". Já dentro do Frei Epifánio a primeira preocupação de todos, é de encontrar o melhor lugar para assistir a partida, quem costuma ir constantemente já tem seu lugar pré-definido, a partir daí é só acomodar-se nas cadeiras azuis que oferecem um espaço bem tímido, uma pessoa mais gordinha por exemplo, tem que tomar o espaço de duas delas para assim finalmente se acomodar.
Brisas quase imperceptíveis encaixam-se à uma sensação de abafamento. Pouco antes do inicio, algumas pessoas observam o movimento do ambiente, outras batem um papo, enquanto outras circulam ainda procurando seu espaço ideal.
Com o inicio do jogo o frisson aumenta nitidamente, acompanhado do barulho da incontestável e já conhecida charanga. No decorrer da partida o frisson muda a partir das ações em campo, quando o time da casa sofre perigo, o silêncio e consequentemente comentários sobre quem errou no lance são logo percebidos, nessas horas não faltam insultos e palavrões, já no instante em que ocorre uma chance desperdiçada, logo se escuta um "Uuuhhhhhhhh" da torcida que só tem a lamentar e a cornetar a falta de precisão em muita das vezes.
Agora quando saí o esperado gol, um barulho ensurdecedor toma conta não só do estádio, mais sim de toda a localidade próxima a ele, num raio bem extenso por conta da explosão de gritos que é ensurdecedora. No mesmo momento a estrutura treme levemente, por razão de saltos contínuos, como se todos ali estivessem enlouquecidos, e de fato estão por conta da alegria e satisfação do objetivo alcançado pelo o time.
Durante o intervalo pessoas se deslocam para fazer um lanche rápido ou permanecerem nos seus lugares, comentando o jogo e assuntos do cotidiano, mas ainda há aquelas que permanecem quietas, pensando em sei lá o que.
Ao começar o segundo tempo, é interessante alguns pitacos como "Que #$@, o Rubens poderia ter tocado do outro lado que o cara entrava livre", " Chuta no gol direito, @$#", até parece que se eles fariam algo melhor se estivessem lá dentro, outras falas expressam bem o espírito da coisa como "juiz ladrão", " esse goleiro é frangueiro demais", entre várias outras.
As coisas vão se desenrolando em campo, jogadores exaustos, até que o juiz apita pela última vez no dia, com isso todos se retiram felizes pela vitória de seu time. O estádio vai esvaziando aos poucos, as ruas são tomadas pelas pessoas que voltam para casa, ou vão só começar a noite. E por fim o palco das emoções é tomado pela normalidade e pelo silêncio e as luzes dos refletores se apagam.